Conheça um pouco do desabafo e da reflexão de um ser humano, um mortal.

"Nem tudo é maravilha, o único lugar onde tudo poderia ser maravilhoso é o país das maravilhas... mas se lá fosse assim tão ótimo e maravilhoso, Alice não teria voltado de lá." por: neto barbieri'

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Irreparáveis Pedaços Meus . . .

   Já passou das onze... meu pijama curto faz com que meus pés e meus dedos quase congelem a cada palavra que escrevo... O tempo passa, o dia acaba e a falta que sinto dela é a mesma, mesma não, maior.
   Quanto tempo eu levarei pra ter aqueles olhos nos meus denovo? Talvez eu nunca mais os tenha e isso me mata pouco a pouco, cada pequeno gole do meu sangue que bebo é como uma garrafa de veneno e a única razão para que eu continue a beber mais e mais é porque me sinto perto dela...
   Ela é a única razão pela qual tenho forças pra me levantar todos os dias de manhã e passar meu estressante e doloroso dia sem ela... A esperança de tê-la devolta, a vontade, a ganância que tenho pelo amor dela é o que move meu corpo e minha mente a cada dia que vivo.
   A cada sono tenho sonhos bons e pesadelos, mas independente de serem bons ou pesadelos me fazem mal. Às vezes ela retorna e eu rezo para não acordar e quando acordo vejo que tudo não passou de uma ilusão do que talvez nunca mais aconteça e quando são pesadelos, bom... Prefiro não expressar.
   Só peço todas as noites para que Deus cuide dela por mim pois já não posso fazer mais nada, não consigo me aproximar dela, o calor do abraço dela me faz falta no frio que adentra toda a noite, por mais quente que ela seja.
   Cada palavra dela ao telefone, doce ou rude me faz bem e mal, sou um projétil de felicidade metamórfico, felicidade, tristeza, felicidade, dor, felicidade, arrependimento... Essa metamorfose me desgasta e minhas forças, poucas por ela estar tão longe, vão se esvaindo.
   As lágrimas que toda noite derramo me cansam e acabo por dormir de tão esgotado. Isso é péssimo, a alegria  é sempre passageira e dolorosa, a felicidade momentânea machuca.
   O valor que ela têm pra mim hoje é algo inexplicável, se eu cheguei ao ponto mais fundo do poço e saí de lá foi por ela, se eu saí foi por ela, porque pra chegar ao fundo eu pulei sozinho e sem pensar nas consequências que isso me traria, se ela sentiria a minha dor e se isso a afetaria.
   Todos os meus erros recentes têm afetado meus próximos, ela inclusive. Eu nunca pensei que errar sozinho afetaria tanto o meu círculo de vida, se é que posso chamar o inferno pessoal que vivo de vida. A vida não se chama vida sem ela, nada é vivo sem ela. Meu mundo antes colorido por cada cor viva e brilhante passa por mim em preto e branco.
   Sei que ela me poupa de muitas das palavras rudes que ela poderia me dizer, me poupa por tantas vezes eu tê-la ferido como hoje me sinto e por ela conhecer tal dor, não deseja isso nem a pior pessoa do mundo, nesse caso, eu.
   Meu tempo já é curto, preciso fingir para as pessoas que moram comigo que vou dormir. Ninguém sabe que todas as noites pego nossas cartas, nossa foto que um dia ela rasgou em minha frente, a que ficava num quadro de coração, de cor vermelha que ganhei dela.
   Toda noite é a mesma história, cartas e cartas, fotos, lembranças e sempre dor, a pior e mais forte dor que um dia já senti. Só não tão dolorosa quanto a perda da minha mãe.
   Nossos papéis agora invertidos me fazem ver o quanto eu a fiz infeliz, e eu não desejo essa dor nem sequer para as pessoas que mais odeio.
   Ela entregou seu coração pra mim e eu brinquei com cada sentimento verdadeiro que continha nele, mas dessa última vez eu o derrubei e tudo o que ela sentia de bom por mim se espalhou no escuro, onde ninguém consegue ver, se estilhaçou em pedaços tão pequenos que hoje não podem mais ser consertados ou reparados. Só uma nova vida resolveria esse meu problema.
   Meu maior problema é que preciso tanto dela em tão pouco tempo que me desespero. Se eu a amo tanto porque não a deixo partir e ser feliz? Se eu a amo tanto porque não me toco e paro de ir atrás dela por tudo de ruim que eu fiz ela passar? Simplismente pelo fato de que eu não mais consigo viver sem ela.
   Eu espero a minha segunda, terceira, a minha última chance ansiosamente mesmo sabendo que ela nunca mais virá, me iludir achando que um dia ela voltará tornou-se meu passatempo favorito, mas pelo contrário, isso deveria me divertir, mas apenas me machuca.
   Vezes esqueço a dor e me divirto rindo sozinho de cada momento agradável e louco que passei ao lado dela, mas só isso não satisfaz meu ego fútil.
   Com meus dedos quase paralisados pelo frio volto agora para meu cobertor que mesmo lavado inúmeras vezes pela máquina e pelas minhas lágrimas me lembra ela e o cheiro dela, o perfume dela invade minhas narinas todas as noites que passo sozinho.
   Não passo de uma mentira ambulante pra ela, nada pode fazer com que ela acredite em mim, nada pode trazer ela devolta, nada mais pode me fazer feliz se não for ela.
   Peço toda noite pra outra mulher que mais amo que ela cuide dela também, a mulher que a escolheu como meu anjo da guarda, peço para que cuide dela enquanto não posso estar por perto, mas o meu maior medo, um medo que nunca passará pela certeza de que ela não voltará é que eu nunca mais possa estar perto dela, para cuidar dela como eu cuidaria da mulher que a escolheu se ela fosse viva, como eu cuidaria de um filho, mas nunca da maneira que eu cuidaria de mim.
   Por aqui junto com mais um pouco de dor e tristeza deixo um eu te amo, outro dos que ela ouve sem acreditar e sem responder, mas que são tão verdadeiros quanto cada lágrima que derramo e ela também não vê e não acredita, tão verdadeiros quanto o ódio que sinto de mim mesmo por não tê-la valorizado antes e percebido tardiamente que perdi pra sempre a mulher da minha vida.

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