Como um fantasma ela me atormenta.
A aparição dela nos meus pensamentos e
segredos é constante.
Mais uma vez definir aquela que foi e
ainda é a maior fonte de textos desse blog e da maior parte da minha
inspiração. Falar dela nunca foi tão difícil, afinal quase todos meus melhores
momentos, vitórias e glórias na batalha da vida carnal aconteceram enquanto ela
esteve ao meu lado. De alguma maneira ela esteve envolvida ou presente neles.
Já não mais nos falamos, já não tenho
mais notícias dela e da vida que leva por lá, quem sabe por algum outro lugar.
A rua, o portão de ferro, a garagem e a porta da sala, a passagem para o quarto
dela, a sala de jantar de mesa grande e de vidro que, dava passagem direta pra
cozinha, a porta do pequeno corredor onde ficava o varal e a dispensa antes do
banheiro. Várias vezes eu saí da sala e fiquei ali, sentado, conversando, de
pé, na frente do espelho me incomodando com minhas erupções cutâneas, às vezes simplesmente
por estar ali, ouvindo-a tomar banho, mesmo sem vê-la e sem ela saber, várias
vezes e por minutos a fio fiquei ali, construindo meu silêncio diante da música
que o banho dela insistia em tocar nos meus ouvidos.
Cada lugar da casa permanece cravejado
em minhas memórias. O abraço, o sorriso, o beijo, o calor, a respiração
ofegante, o corpo e as frases de amor em cada lugar e momento pronunciadas,
dentro e fora da casa, dentro e fora da cidade, dentro e fora do mundo normal.
A versão mais impressionante do país das maravilhas, o clímax e o núcleo da
vida, dispostos tão facilmente em um mundo que só conseguimos criar juntos.
Eu gostaria de tê-la apagado pelo menos
por um dia desse tudo incompleto de corpo, mente, alma e espírito que sou. Pelos
menos por um dia sem ser assombrado por ela e pela vida que ainda persiste em
me empurrar no caminho.
Talvez o único sentimento que descreva
a bola de neve que tudo foi e é seja amor. Amor... porque amor? Talvez seja o
fato de eu estar diretamente ligado ao pais dela, aos avós e tios, aos almoços
de domingo na casa da Dona Adalgiza, das festas de aniversário juntos, das
conquistas e derrotas, da aliança feita em apenas um exemplar de um modelo que
eu mesmo solicitei produção para ser único. Talvez por tudo.
Evidente é que ela me habita da mesma
forma que um parasita habita um corpo. Está dentro e em cada pedaço e parte de
mim, viva. Imperceptível.
É evidente que neste tempo todo
separados, ela tem gerado inúmeros frutos para esta história diferente da
árvore da vida que é o blog. Às vezes me ocorre que se ela estivesse junto a
mim eu não teria tanta inspiração ou textos para redigir...
Cada vez que penso dessa forma sou
bombardeado com uma tempestade de lembranças e uma enxurrada de informação que
me diz: “Foi na presença dela que você teve alguns de seus momentos mais
lúcidos e poéticos o suficiente para voltar a escrever poemas, algo que você
não faz com frequência a anos.”
O fato mais cômico seria me perguntar
tudo isso, se é realmente o que eu quero ou queria. Seria como perguntar a um
mágico ilusionista, como é feito um truque. Ele nunca te responderia.
Pra quê dar respostas se são apenas das
perguntas que eu sobrevivo e preciso para escrever? Defini-la seria como acabar
uma história que geraria uma saga eterna de livros.

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