Conheça um pouco do desabafo e da reflexão de um ser humano, um mortal.

"Nem tudo é maravilha, o único lugar onde tudo poderia ser maravilhoso é o país das maravilhas... mas se lá fosse assim tão ótimo e maravilhoso, Alice não teria voltado de lá." por: neto barbieri'

terça-feira, 4 de junho de 2013

Fast Forward To Rewind . . .


                Como um fantasma ela me atormenta.
         A aparição dela nos meus pensamentos e segredos é constante.
         Mais uma vez definir aquela que foi e ainda é a maior fonte de textos desse blog e da maior parte da minha inspiração. Falar dela nunca foi tão difícil, afinal quase todos meus melhores momentos, vitórias e glórias na batalha da vida carnal aconteceram enquanto ela esteve ao meu lado. De alguma maneira ela esteve envolvida ou presente neles.
         Já não mais nos falamos, já não tenho mais notícias dela e da vida que leva por lá, quem sabe por algum outro lugar. A rua, o portão de ferro, a garagem e a porta da sala, a passagem para o quarto dela, a sala de jantar de mesa grande e de vidro que, dava passagem direta pra cozinha, a porta do pequeno corredor onde ficava o varal e a dispensa antes do banheiro. Várias vezes eu saí da sala e fiquei ali, sentado, conversando, de pé, na frente do espelho me incomodando com minhas erupções cutâneas, às vezes simplesmente por estar ali, ouvindo-a tomar banho, mesmo sem vê-la e sem ela saber, várias vezes e por minutos a fio fiquei ali, construindo meu silêncio diante da música que o banho dela insistia em tocar nos meus ouvidos.
         Cada lugar da casa permanece cravejado em minhas memórias. O abraço, o sorriso, o beijo, o calor, a respiração ofegante, o corpo e as frases de amor em cada lugar e momento pronunciadas, dentro e fora da casa, dentro e fora da cidade, dentro e fora do mundo normal. A versão mais impressionante do país das maravilhas, o clímax e o núcleo da vida, dispostos tão facilmente em um mundo que só conseguimos criar juntos.
         Eu gostaria de tê-la apagado pelo menos por um dia desse tudo incompleto de corpo, mente, alma e espírito que sou. Pelos menos por um dia sem ser assombrado por ela e pela vida que ainda persiste em me empurrar no caminho.
         Talvez o único sentimento que descreva a bola de neve que tudo foi e é seja amor. Amor... porque amor? Talvez seja o fato de eu estar diretamente ligado ao pais dela, aos avós e tios, aos almoços de domingo na casa da Dona Adalgiza, das festas de aniversário juntos, das conquistas e derrotas, da aliança feita em apenas um exemplar de um modelo que eu mesmo solicitei produção para ser único. Talvez por tudo.
         Evidente é que ela me habita da mesma forma que um parasita habita um corpo. Está dentro e em cada pedaço e parte de mim, viva. Imperceptível.
         É evidente que neste tempo todo separados, ela tem gerado inúmeros frutos para esta história diferente da árvore da vida que é o blog. Às vezes me ocorre que se ela estivesse junto a mim eu não teria tanta inspiração ou textos para redigir...
         Cada vez que penso dessa forma sou bombardeado com uma tempestade de lembranças e uma enxurrada de informação que me diz: “Foi na presença dela que você teve alguns de seus momentos mais lúcidos e poéticos o suficiente para voltar a escrever poemas, algo que você não faz com frequência a anos.”
         O fato mais cômico seria me perguntar tudo isso, se é realmente o que eu quero ou queria. Seria como perguntar a um mágico ilusionista, como é feito um truque. Ele nunca te responderia.

         Pra quê dar respostas se são apenas das perguntas que eu sobrevivo e preciso para escrever? Defini-la seria como acabar uma história que geraria uma saga eterna de livros.

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