Olhos-de-mel sempre esteve ali, parte
ofuscada pelas “cleópatras” que a rodeiam.
Quieta, quase escondida atrás do balcão.
Observadora e atenta aos detalhes, despercebida por trás das lentes escuras dos
óculos até que... sorriu.
Dona de uma boca grande, lábios finos
que contornam o desenho de um sorriso divertido, branco, feliz.
O acaso a colocou na frente de um
caminho que eu almejava percorrer, talvez ainda permaneça a programação, mas,
por agora resolvo tomar um gole nesse cantinho aconchegante das minhas andanças
pelas ruas e avenidas da vida. Um pequeno trago daquele bom e velho conhaque
com mel para espantar o frio, com mel. Da mesma cor são seus olhos a desviar
quase que imperceptível e raramente dos olhares.
Outro acaso, uma outra conversa, um
cigarro para acalmar os nervos, outro assunto, um bom diálogo, gostos
parecidos, nada incômodo e tudo natural.
Interessante tornou-se Olhos-de-mel
quando em meio a toda delicadeza e meiguice mostrou-se fera, talvez não
treinada, mas com o mesmo coração forte, espírito guerreiro e bravura. Mesmo um
simples e bebê gato faz parte da mesma família dos grandes tigres, eles também
têm seu instinto.
Meu excesso de informação me entregou e
eu percebi Olhos-de-mel se afastar um pouco. Mas meu terreno e jardins são
limpos. Perceberá que pode voltar.
Uma flor fora da terra só desabrocha se
você quiser e fizer algo para que aconteça.
